29/01/2008

Governadores e prefeitos querem revisão de dados do desmatamento

O relatório divulgado pelo Inpe em outubro, referente ao período de junho a setembro de 2007, denunciava um aumento de 8% no desmatamento em relação ao mesmo período de 2006. Uma revisão dos dados, entretanto, mostra que a derrubada foi muito menor do que o anunciado.

Em agosto e setembro, ocorreu o inverso: o desmatamento caiu cerca de 26% (veja os números na tabela ao lado).O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, reconheceu que os números foram superestimados.

Ele atribuiu o erro a uma falha no programa que analisa as imagens de satélite do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter). O sistema foi programado para detectar só novos desmatamentos, mas várias áreas previamente desmatadas foram contadas mais de uma vez, produzindo números inflados.

Os dados não caíram bem para Rondônia, Mato Grosso e Pará, que apareceram como grandes destruidores da floresta, justamente no momento em que o País vivia a expectativa de um terceiro ano de redução no desmatamento. “O Inpe tem que ter mais responsabilidade no que faz”, disse o governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido). “Quero ver todos os dados.”O de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), também cobrou explicações: “Será que pode ter havido também diferença em anos anteriores?

Acho que o correto é rever tudo.” Maggi disse que ficou “muito desconfortável” com a divulgação dos números que mostravam um crescimento nas áreas desmatadas no Estado. “Todos os indicativos que tínhamos apontavam numa direção oposta.”A decisão dos prefeitos de 19 cidades de Mato Grosso que constam da lista de 36 maiores desmatadoras do País, segundo os dados do Inpe, será acertada em uma reunião amanhã, em Cuiabá.

O presidente da Associação Mato-Grossense dos Municípios, José Aparecido dos Santos, disse que a imagem do Estado foi prejudicada pelos dados incorretos, podendo prejudicar negócios com outros países para a exportação de produtos agrícolas. “Os prefeitos têm de saber se de fato ocorreu todo esse desmatamento em seus municípios para tomarmos providências.”

REVISÃO CONSTANTE

Procurado ontem pelo Estado, Câmara disse que o Inpe “não vai polemizar com os governadores” porque é um órgão técnico, e não político. “O Inpe revisa constantemente todos os dados e, se houver necessidade de fazer alguma modificação, isso será feito”, disse. “Do ponto de vista do Inpe, o que tinha que ser feito para 2007 foi feito.

Nossa preocupação agora é produzir os melhores dados possíveis para 2008. Temos que olhar para frente; o que passou, passou.”O relatório mais recente do Deter foi divulgado na semana passada, em Brasília, com dados referentes ao período de agosto a dezembro de 2007 - sem fazer uma comparação com os mesmos meses de 2006.

Os números mostram um aumento significativo - e inesperado - do desmatamento nos meses de novembro e dezembro, quando as atividades predatórias normalmente diminuem.Câmara garante que os números são confiáveis. O Inpe, que pertence ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), é responsável pelo monitoramento remoto da Amazônia desde 1988.

É com base em seus dados que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e outros órgãos federais planejam ações na região.O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, defendeu o trabalho do instituto. “Não podemos agora querer transformar uma exceção em regra.” A falha nos dados refere-se apenas ao Deter e não ao Prodes, o programa que produz as estatísticas anuais de desmate.

DOIS SISTEMAS

Prodes ( Programa de Cálculo do Desflorestamento na Amazônia) - Produz as taxas anuais de desmatamento. Usa imagens de satélites que enxergam áreas pequenas, com melhor resolução, mas que passam com menos freqüência sobre a AmazôniaDeter ( Detecção do Desmatamento em Tempo Real) - Usado para fiscalização.

As imagens detectam apenas áreas desmatadas maiores do que 25 hectares, mas, em compensação, os satélites passam diariamente pela região.

28/01/2008

Quem vai ser o vice de Júlio César?

Embora o prefeito Júlio César Ladeia (PR) não tenha divulgado o nome que será candidato à vice em sua chapa rumo à reeleição, vou aqui também dar um pitaco sobre o assunto.

A pessoa a ser escolhida para o posto será o empresário Clovis Batista, também do PR.

A posse dele na Secretaria Municipal de Infraestrutura no decorrer desta semana é a confirmação que estava faltando.

Com carta branca de Júlio César e auxílio político do governador Blairo Maggi , Clovis deverá fazer o que poucos fizeram na Sinfra até o presente.

Esse trabalho a ser realizado somando-se ao feito até o momento, contribuirá significantemente para a formação da chapa que imagino.

Ninguém se engane. O PR terá chapa pura em Tangará da Serra.

29 de janeiro: Dia do Jornalista

Por Eder Gomes

De tão comum e cotidiano, fica difícil prestar devida atenção em como somos bombardeados por informação. São noticiários no rádio, telejornais, revistas, jornais diários e até, claro, os atuais Web sites sempre abarrotados de novidades, conhecimentos, cultura, fatos e fotos.

É... nem sempre paramos para pensar no profissional que está por trás daquele texto bem escrito, que sintetiza várias horas ou dias em alguns parágrafos, que nos dão a perfeita localização no tempo e no espaço, nos transferindo conhecimento suficiente para podermos compreender, opinar e debater os assuntos do nosso interesse.Poetas do cotidiano.

Ah, sim. Assim deviam ser chamados estes 'profissionais' que nos poupam nosso precioso tempo, ofertando seus textos bem redigidos em forma de boa literatura para nossa degustação. Impressionante como conseguem resumir num título ou num 'olho' de matéria tudo aquilo que vamos digerir dalí pra frente. É bonito quando terminamos a leitura de uma notícia, artigo, press-release, ou entrevista, e pensamos por um instante que estávamos mesmo ao lado deste 'contador de estórias', ouvindo até suas pausas para respiração, suas expressões faciais e corporais.

Às vezes, me pego literalmente aplaudindo quando um comentarista como Arnaldo Jabor conclui seu raciocínio se utilizando tão somente das nossas usuais e corriqueiras palavras.Arquiteto da ortografia, o bom jornalista é aquele que, assim como se faz na construção civil, emprega, da língua Portuguesa, os materiais básicos que 99% das pessoas comuns podem compreender, não fazendo disso um trabalho medíocre, mas, sim, emprestando sua arte para fazer com que tijolos, vergalhões, areia, pedra e cimento lingüísticos, nas medidas e proporções corretas, tomem a forma elegante e edificada que encontramos nas informações jornalísticas.

Como em todo ramo de atividade, nossa língua também é regida por leis. Hildebrando, Aurélio, Bechara. Estes são os juristas que me vêm à mente quando penso nas leis gramaticais e ortográficas do nosso bom Português. Mas, como toda norma perde seu valor onde há impunidade, não haveria de ser diferente quando do descumprimento das regras de comunicação em nossa língua. Não há multas, prisão, pontos na carteira, nada.

Quem quiser sair por aí, redigindo numa língua que inventou, esqueceu ou não aprendeu, dizendo que sabe ler e escrever em Português, nada de ruim vai lhe acontecer. Até mesmo pelo fato que outros tão ou mais ignorantes estarão lá para ler e aceitar a distorção lingüística sem nem perceber a mácula que esta displicência causa ao nosso idioma.

Fiquei muito satisfeito ao saber que, apesar da grande maioria das universidades particulares ter abolido o exame vestibular para o ingresso de seu corpo discente, as faculdades ainda mantém uma prova de redação básica, onde, supõe-se, o candidato será avaliado pela sua capacidade de traduzir em textos seus pensamentos, sentimentos e idéias. Das últimas décadas para cá, o homem veio deixando de buscar informações e conhecimentos através da língua escrita para se nutrir de sons e imagens hipnóticas através da televisão.

É a geração MTV, que, num compreensível círculo vicioso, se tornou cada vez mais ignorante. Nos últimos anos, empresários, funcionários, estudantes e até donas de casa voltaram compulsoriamente ao hábito da leitura e da escrita.

A popularização da comunicação por email fez com que executivos, que usavam suas secretárias para redigir uma simples minuta de reunião ou um comunicado interno, passassem a fazê-lo com suas próprias capacidades. O resultado é um misto de sadismo ortográfico com exposição pública das suas particulares deficiências.

E o pior: na maioria dos casos, o "redator" nem sabe que é motivo de escárnio. Isto, sem falar dos famigerados Blogs (contração ou corruptela de WebLog) que revelam grandes talentos na arte de crucificar nossa gramática. Jovens que não aprenderam para quê servem os acentos, símbolos gráficos, vírgulas, pontos, parêntesis, letras maiúsculas em nomes próprios e no início das sentenças, publicam suas experiências e se expõem publicamente.

Puxa! Fiquei um pouco amargo nestes últimos parágrafos, mas a minha intenção é fazer lembrar do valor que tem um profissional que faz do seu dia-a-dia, uma jornada de resgate e reanimação do sistema de comunicação verbal, mesmo enfrentando a crescente depauperação de sua platéia. Lembre-se sempre que, se não puder vencê-los, jamais (mesmo) junte-se a eles.

Senhor jornalista, meus parabéns pelo dia 29 de janeiro.

São os votos de Eder Gomes - Jornalista (Gerente de Marketing UNITAS) a todos os jornalistas!

21/01/2008

Odilon: o juiz federal para quem devemos tirar o chapéu

Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonema s, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua morte. 'Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil. '

No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crime encomendado havia subido para US$ 300 mil. 'Estou valorizado', brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel.

Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa. ' No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarrotado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal.

O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, fi lho e duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta. 'Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada.'

Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.'

Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho.

De seu 'bunker', auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil.

Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.

Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o 'rei da soja' no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. 'As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados.'

O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha 'dever de ofício' enfrentar o narcotráfico. 'Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança. '

18/01/2008

Conheça as quatro vagas que mais demandam profissionais de TI

Michael Page enumera quatro setores por que a necessidade de mão-de-obra é maior e diz que em bancos de investimentos, salário é 50% maior do que em áreas equivalentes.

A falta de profissionais de TI não é novidade. Mas em que áreas exatamente isso acontece e onde estão as maiores oportunidades? Ricardo Basaglia, gerente da divisão de TI da empresa de hunting Michael Page, diz que em primeiro lugar a demanda maior é na área de serviços offshore.

Dentro disso, a necessidade maior são por profissionais de administração e operação de sistemas, além de gestão de projetos e desenvolvedores. Segundo o executivo, diz que são pessoas que tem um roteiro de trabalho a seguir, que precisam de habilidades para realizar trabalho remoto, entender documentações, criatividade para resolver problemas e, finalmente, muita disciplina.

Em segundo lugar, o setor de comunicações mostra que tanto a TV Digital quanto a terceira geração de celulares apresentam uma grande falta de profissionais com experiência na área, até porque são tecnologias novas no País. “Os fabricantes são os que mais precisam, porque tem de estruturar a solução para ser oferecida ao cliente, que pode ser a emissora ou as operadoras de telefonia móvel”, afirma.

Os profissionais aptos a trabalhar na área, explica Basaglia, são engenheiros de telecomunicações com experiência em dados de recursos multimídia e preparados para ser inseridos nesse mercado. “Quando assumirem os novos postos, serão treinados pelas empresas em tecnologias que acreditam ser o futuro”, acrescenta.

Uma novidade no setor é a grande demanda por profissionais que vão atuar com tecnologia em bancos de investimentos. “Cerca de cinco bancos já tem algo estruturado para o começo das operações em 2008 e se cada um deles começar com sete ou oito vagas em TI há um impacto no mercado, até porque são grandes consumidores de tecnologia”, diz.

O que chama atenção nessas vagas é que o salário é 50% maior do que os profissionais que fazem o mesmo trabalho em outras áreas, por causa do bônus. “Um administrador de redes sênior com inglês fluente ganha entre 7 mil e 8 mil reais. O mesmo profissional em um banco de investimento pode ganhar entre 11 mil e 12 mil reais”, afirma.

O último setor destaque nas contratações é na área de Web 2.0. As posições de internet com este foco é grande tanto no lado dos fornecedores de tecnologia, quanto consumidores, já que as empresas se preocupam em melhorar as formas e a eficiência no relacionamento que têm com os consumidores. E, além disso, existem empresas cuja Web 2.0 é o negócio fim, como o Google e o UOL. O ano de 2008, portanto, começa aquecido.

Artigos científicos do Instituto Oswaldo Cruz são publicados na web

Cerca de 4 mil artigos publicados em 98 anos de história foram digitalizados e estão disponíveis online gratuitamente.

Os internautas podem contultar, gratuitamente, os cerca de 4 mil artigos científicos publicados pela revista científica "Memórias do Instituto Oswaldo Cruz", em seus 98 anos de história.

Segundo informações da Agência Fapesp, o acervo corresponde ao período que vai do lançamento do primeiro número da revista, em 1909, até a atualidade.

Além de artigos sobre uma enorme variedade de temas ligados às diversas áreas biomédicas, o acervo inclui obras históricas, como desenhos de grandes ilustradores do passado entre os quais Raimundo Honório e Manoel Castro e Silva.

Conforme explica o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto Oswaldo Cruz e editor da revista, Ricardo Lourenço, na época em que a revista foi criada existiam poucos indexadores, que reunissem e sistematizassem as publicações científicas no mundo, dificultando a divulgação e o acesso aos trabalhos.

Até hoje, segundo Lourenço, para ter acesso a todo o conhecimento publicado nas Memórias antes de 1994, era preciso haver uma cópia impressa da coleção numa biblioteca de consulta, normalmente institucional.

Os artigos estão disponíveis no site http://memorias.ioc.fiocruz.br/

15/01/2008

Figurações da escrita na escola de tradição oral

Por Robério Barreto

O texto que se desenrola nas linhas abaixo é relato de uma experiência à qual venho me dedicando como pesquisador, na tentativa de conscientizar os educadores das escolas públicas municipais da cidade de São Gabriel – BA, de que eles só terão êxito em sua ação alfabetizadora – ensino de leitura e escrita – quando forem modelos de leitores e escritores para seus estudantes, isto é, apresentem aos alunos seu gosto pela leitura e escrita.

Tal discussão teve início em março de 2007, momento em que comecei a disciplina de Ensino de Língua Portuguesa I, no programa de formação de professores da Universidade da Bahia, conhecido como Rede-Uneb 2000, no qual o município atende por parceria com a universidade, 82 profissionais da educação básica – professores-alunos – os quais atuam nas séries iniciais, tanto na sede como no interior da comuna.

Logo, nas primeiras aulas foram detectados os problemas enfrentados pelos professores-estudantes. Estes não tinham o hábito da leitura e tampouco da escrita. A partir deste diagnóstico mudou-se a metodologia das aulas, isto é, propôs-se aos cursistas que colocassem em discussão suas principais angústias em relação à sua prática de leitura e escrita na sala de aula, bem como relatasse o grau de dificuldade enfrentado por eles e seus estudantes ante as atividades de produção textual dentro e fora da sala de aula.

Em uníssono disseram: gostaríamos de ler e escrever mais, porém encontremos algumas dificuldades não há espaço público nem livros suficientes na biblioteca, bem como nossa renda não nos permite nos dar o luxo de comprar livros, isto refletindo no entendimento de certos tipos de textos, principalmente os que são usados na faculdade... ler até nós lemos... entretanto, quando é para nos expressar via texto, sentimos enormes dificuldades na organização das idéias.

É um verdadeiro Deus nos acuda! Agora se for para falar sobre o assunto ai sim a coisa vai longe. O pior é que isso também acontece com nossos alunos, sabia? eles contam as histórias que vêem na televisão com detalhes. Todavia, não articulam corretamente as sentenças no texto. (depoimento oral de professoras do curso, às quais lhes atribui codinome de Amélias).

Neste teatro dos paradoxos estão questões de natureza política, pedagógica e social, uma vez que os profissionais alegam a falta de acesso aos materiais básicos de leitura, livros especializado para eles, bem como literatura infanto-juvenil para todos os estudantes – é interessante lembrar que nas escolas neste município não têm biblioteca – ficando os profissionais e alunos reféns do livro didático, talvez por isso não vejam grandes perspectivas para mudar este quadro.

Por outro lado, todos têm acesso à mídia eletrônica – televisão e rádio – fator que eleva ao grau máximo, a oralidade em sala de aula. Ou seja, professores-alunos da Rede-Uneb 2000 têm parte de sua cultura geral fornecida pela televisão e o rádio, lembrando, que ainda há neste espaço os elementos da cultura popular os quais são transmitidos por meio da linguagem oral. Isto, certamente, tem influenciado a prática docente destes profissionais na sala de aula e os reflexos disto, é pouco interesse na busca por informação escrita, bem como a inferior qualidade das produções escritas dos aprendizes das séries iniciais.

Desvelados os problemas que impossibilitam à escrita como atividade de cidadania e meio de expressão dos professores, se direcionou as ações para a leitura e produção de material escrito em sala de aula: produção de jornal, destacando os vários gêneros textuais presente neste tipo de veículo: artigo de opinião, classificados, horóscopo, editoriais de moda, política e esporte. Em seguida, mostrou-se aos cursistas a importância de se retextualizar os discursos orais dos alunos. Para tanto, o docente deve se posicionar como mediador e, conseqüentemente, escriba desses relatos, valorizando a fala e cultura de cada participante.

Dessa maneira é possível levar o educando para o universo da escrita, visto que cada um tem sua participação reconhecida durante e depois do processo de criação do texto.

No que se refere à melhora da produção escrita dos professores-alunos, institui-se na disciplina, Ensino de Língua portuguesa I que todos deveriam produzir textos científicos: resenha, artigo e resumo e também texto livres: artigo de opinião, carta do leitor e crônicas. Já no que se refere à leitura, está ficou restrita ao material especializado, isto é, textos e livros usados pela disciplina.

Tal restrição se deu conforme mencionado acima, em virtude da falta de material especializado na biblioteca, bem como devido às dificuldades enfrentadas por estes profissionais – a maioria tem dupla jornada de trabalho, além disso, uma parcela desse contingente morra em povoados distantes da sede. – Associado a estes fatores está à carga horária da disciplina. São apenas sessenta horas para, literalmente, formar leitores-escritores para que eles ressignifiquem suas práticas enquanto alfabetizadores.

Não obstante às problemáticas externas, a nova organização metodológica tem produzido resultados pequenos, todavia positivos; os professores-alunos têm reconhecido suas limitações, – primeiro passo a aprendizagem – e paulatinamente as corrigem através de novos materiais e metodologias a serem empregados nos seus estudos e também nas salas de aula onde atuam como alfabetizadores.

Professor, nossa! Fiz uma atividade na minha sala de aula que foi show. Levei revistas e jornais velhos e pedi aos meus alunos da 3ª série que encontrassem naqueles objetos, palavras escritas com “sc”, “ss”, “ç”e as recortassem. Naquele momento percebi como eles se envolveram de forma alegre, pareciam desafiados... outro dia, li para eles uma história e solicitei que a refizessem à maneira, isto é, eles podiam escreve ou desenhar. Nossa, sai cada coisa bacana. (depoimento oral de professoras do curso, às quais lhes atribui codinome de Amélias).

Tem-se aí, portanto, o relato de uma experiência pequena, mas significativa no se refere ao processo de construção de autonomia do aluno, tanto no plano da leitura quanto da escrita. São tantos os relatos positivos destes profissionais que encheriam páginas. Contudo, fiquemos apenas nestes os quais podem servir como ponto de reflexão para os todos que virem a ler este texto.



Robério Pereira Barreto - Especialista, Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Uneb

12/01/2008

Juiz e advogado estão foragidos da polícia civil no Mato Grosso

A Justiça Estadual considerou ontem foragidos o juiz aposentado José Geraldo da Rocha Barros Palmeira e o advogado Cesarino Delfino César Filho. Há uma semana a Justiça decretou a prisão preventiva deles e de outras três pessoas. O vazamento de informações impediu que a Justiça os prendessem.

Ambos respondem a crime contra a administração pública (corrupção ativa e passiva) ou crime praticado por funcionário público (concussão) em ação penal movida pelo Ministério Público Estadual, no caso da transferência da traficante Maria Luíza Almirão, a "Branca", na década de 1990. Após o fato, Palmeira foi aposentado, o que gerou um processo no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ).

"A prisão foi decretada e eles não foram localizados e são considerados foragidos", confirmou o juiz substituto responsável pelo processo, José Arimatéia Neves Costa, da 15º Vara Criminal de Cuiabá.

Em investigação feita ontem, a Polícia Civil prendeu os advogados José Ribeiro Viana e o ex-diretor do Presídio Pascoal Ramos da época da transferência da "Branca", advogado Benedito Pedroso Amorim. Saulo Peralta, advogado em Rondonópolis, é o quinto réu da ação penal.

O magistrado criticou o fato de os foragidos terem sido beneficiados pelo aparelho judicial. "Até ontem (quinta-feira) o processo estava em sigilo. Veja que não temos sigilo nos cartórios.

Justamente fugiram os que têm vinculo direto com a Justiça", informou à reportagem. "Alguma coisa vazou nos cartórios", reforçou.

Durante a diligência de feita pela polícia ontem, segundo o juiz, policiais erraram a casa de um do réus. "A Polícia errou a casa, esteve na casa dele. Mas no momento, ele viu o movimento e aí o Cesarino conseguiu fugir", atestou.

Ação penal - Até ontem à tarde, o processo estava para vistas do Ministério Público Estadual (MPE), quando foi devolvido ao juiz Arimatéia. O MPE protocolou a atual ação penal em julho do ano passado. Em outubro, a juíza Marcemila Mello Reis declinou da competência do processo, quando Arimatéia foi nomeado substituto.

Uma das advogadas dos réus esteve ontem no Fórum de Cuiabá, mas se negou a falar. Até o fechamento desta edição, a reportagem tentou falar com os advogados dos outros réus, sem sucesso.

Fonte Gazeta Digital

Três jornalistas são presos em serviço no Mato Grosso

O repórter fotográfico Otmar de Oliveira, o cinegrafista Belmiro Dias, ambos do Grupo Gazeta de Comunicação, e Marcos Alves, cinegrafista da TV Centro América, foram detidos por cerca de 2h30, sob acusação de desrespeito a uma determinação judicial do magistrado substituto da 4ª Vara Criminal, Rondon Bassil Filho, na tarde de ontem.

Os três só não foram encaminhados ao Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), do Planalto, por causa da intervenção do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) Francisco Faiad, e dos advogados Cláudio Stabile e Adriana Bispo Bodinar.

Os profissionais da imprensa entraram a sala de audiências para registrar o depoimento da ex-escrevente do judiciário, Beatriz Árias, presa acusada de tráfico de influência e corrupção, mas como o processo corre sob segredo de justiça, o juiz entendeu que houve desrespeito a sua ordem.

O magistrado determinou, aos gritos, que os profissionais deixassem o recinto e entregassem às imagens da audiência a ele. Exigiu que a máquina fotográfica lhe fosse entregue. Pouco depois, deu voz de prisão aos três, pediu reforço da Polícia Militar e os manteve separados dos demais colegas de profissão.

Cerca de duas horas depois do início da confusão, o desembargador Orlando Perri, foi ao local, mas deixou claro que não discutiria a decisão do juiz. "Na minha condição não cabe esse papel. Vim saber o outro lado". Pouco depois de falar com o desembargador, o juiz chamou os advogados a sua sala e declarou não ter encontrado dolo (intenção) na ação dos profissionais.

Para que fossem liberados, cada um deles teve de assinar um termo se comprometendo a não veicular as imagens. "Foto não fala, não houve. Eu não vejo problema, mas o magistrado viu". A fala é do presidente da OAB/MT, Francisco Faiad.

Constrangidos, os profissionais se defendem. "Estava apenas fazendo meu trabalho. Aproveito às oportunidades", diz Belmiro.

Fonte: Gazeta Digital

06/01/2008

Em 5 anos, mais de 1,5 mil execuções na capital de Mato Grosso

Nos últimos cinco anos - entre 2003 e 2007 - 1.564 pessoas foram assassinadas na Grande Cuiabá, incluindo homicídios, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte, numa média de 300 por ano. Desse total, cerca da metade das vítimas era de adolescentes e jovens até 24 anos, executados principalmente em bairros longe do Centro. Rixas ocorridas em bares e lanchonetes, tráfico de drogas e crimes passionais estão entre os principais motivos. As variações de um ano para outro foram poucas.

Em 2003, foram 306 assassinatos. Diminuiu para 291 no ano seguinte, subindo para 318 depois. No ano passado, foram 330 execuções. Nessa estatística, levantada junto à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ao IML (Instituto de Medicina Legal) e a delegacias de Várzea Grande, estão somente os assassinatos ocorridos em Cuiabá e Várzea Grande, ficando de fora outras cidades.

De acordo com o especialista em violência urbano e doutor em Sociologia, Naldson Ramos da Costa, a Grande Cuiabá tem uma taxa de 40 assassinatos por 100 mil habitantes, o que coloca a região entre as cinco mais violentas do país, ficando atrás das regiões de Recife, Vitória, São Paulo e Rio de Janeiro. “Infelizmente não estamos distante dos grandes centros violentos”, destacou. O que chama a atenção é que esse patamar se estabilizou na faixa de 300 execuções e não dá sinais de diminuição em curto prazo.

Para tanto, explicou, é necessário implementar algumas medidas usadas com sucesso em outras cidades com grandes índices de homicídios, mas alerta. “Lei seca por si só não resolve. É preciso ações complementares”, frisou. No entendimento de policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), caso bares e lanchonetes de bairros periféricos das duas cidades fossem fechados no início da madrugada, o número de assassinatos seria bem menor.

As estatísticas apontam que mais da metade dos assassinatos ocorre durante a madrugada nos bairros longe do centro.

Nesses cinco anos, a polícia só registrou uma chacina com três vítimas apontando para crimes individuais. Ex-presidiários ou jovens que tiveram passagem pela polícia representam uma média de 30% dos assassinatos, reforçando as suspeitas de execuções. Alguns estavam envolvidos com tráfico de drogas ou com furto e roubo apontando para briga entre integrantes de gangues ou quadrilhas. “A maior parte dos assassinatos (envolvendo ex-presidiários) ocorre de forma semelhante.

A vítima está caminhando e vem um ou dois ocupantes de uma motocicleta que atiram e fogem. Como não existe crime perfeito, acabamos chegando até os autores”, explicou um policial da DHPP. Fonte: Diário de Cuiabá

04/01/2008

Sobre o jeito sueco de educar





Tenho a impressão de que já falei disso antes, mas se vê que é uma coisa que me incomoda muito, já que tendo a voltar ao assunto a cada oportunidade...


Leio nos jornais: escândalo em torno da seleção dos melhores jogadores, num grupo de crianças de 9 anos, para que a escolinha de futebol invista neles como futuros craques.

Explico melhor: uma escola ou clube seleciona, entre os aspirantes a jogadores de futebol, aqueles alunos mais promissores e, de certa forma, descarta os demais, ao decidir não investir tempo e recursos nesses últimos.

O assunto vira manchete nos dois principais jornais de Estocolmo. E as redações sofrem uma avalanche de mensagens: "escândalo", diz uma, "inaceitável", diz outra, enquanto outras tantas qualificam a atitude das escolas de futebol como "insulto" e "violência".

Pois é... uma das coisas que tomou mais tempo e energia desta recém-chegada mãe, lá pelos idos de 1999/2000, foi tentar entender o jeito sueco de educar as crianças. E confesso que, depois de oito anos, aprendi muito, mas continuo sem aceitar os valores essenciais que servem de base para a educação infantil aqui.

O ponto principal é que não se deve pressionar nem reprimir as crianças. O respeito a elas implica que um menino de cinco anos pode chorar, gritar e espernear durante a hora e meia de duração das compras de supermercado, incomodando todo mundo em volta (ou seremos só nós, os estrangeiros, que nos sentimos incomodados?), sem que o pai ou a mãe sequer levante a voz para fazê-lo calar.

Zangar-se com um filho ou com um aluno é muito mal visto aqui. Perder o controle, então, é impensável! Não sei como eles conseguem se controlar tanto!

Nas escolas, as crianças recebem suas primeiras notas quando estão na oitava série, ou seja, a partir dos quatorze anos de idade. Antes disso, os pais mal conseguem saber se seus filhos pelo menos têm um rendimento escolar na média da turma. Dar notas aos testes das crianças é considerado daninho à sua saúde mental. Uma medida recente, introduzindo o boletim de notas a partir da sexta série, ainda sofre resistências.

Outro assunto interessante se refere à presença de celulares e mp3 nas salas de aula. O professor pode, com educação e delicadeza, "solicitar" ao aluno que mantenha os aparelhinhos desligados... mas não pode requisitá-los em caso de desobediência. É um desrespeito à individualidade, uma invasão da vida privada e dos direitos do aluno "confiscar" um brinquedo, ainda que esse esteja perturbando o andamento da lição.

Nunca me esqueço do portão permanentemente enguiçado no jardim infantil que meu filho mais novo freqüentava. Todos os dias eu observava o estado do portão. Um dia estava bem, no outro não funcionava. Daí a alguns dias estava consertado outra vez, para um dia depois enguiçar novamente.

Perguntei então a uma das professoras sobre a razão do enguiço permanente e recebi a seguinte resposta: os meninos brincam de balanço no portão e ele se quebra.

Então perguntei se os professores não podiam falar com os alunos e proibir o uso do portão como gangorra. Resposta: já pedimos muitas vezes, mas eles não nos ouvem! Idade dos alunos? Entre 3 e 5 anos!

É claro que também passei pelo vexame típico por que passam muitos imigrantes: ser chamada à escola para receber um sermão sobre os direitos das crianças e as sanções legais para pais que maltratam os filhos. Não preciso dizer que explodir e dar uma bronca aqui são considerados "maltrato psicológico" e que uma palmada pode levar os pais à cadeia.

Só que, no meu caso, não se tratou de explosão nem muito menos de palmada.

Meu filho chegou à escola repetindo uma frase de um personagem de um típico vídeo infantil sueco que ele via todos os dias. "Karlsson no telhado" dizia, chantageando as pessoas a sua volta: "eu sou a criança mais dodói em todo o mundo, preciso urgente de remédio!". O remédio do caso eram balinhas e chocolates...

Ao repetir a frase na escola, em perfeito sueco, meu filho provocou um chamado oficial para que eu me apresentasse imediatamente. Levei algumas semanas para conseguir convencer as professoras da minha inocência. Eu não falava sueco e não entendia o filme; eu não batia no meu filho; e frente à tradução, tampouco soube explicar porque ele seria "a criança mais doente da face da terra". Coitadinho dele "!"

O mistério resolveu-se quando outro professor lembrou-se dos diálogos do personagem de Astrid Lindgren... Finalmente, não fui denunciada ao serviço social e livrei-me da ameaça das grades!

A sensação que tenho é que educar, aqui, significa evitar a qualquer custo que as crianças se zanguem, se frustrem ou sofram... E as crianças nunca mentem nem fantasiam "!"

O fato é que, levada ao extremo, a coisa significa que alguns inocentes já foram prestar explicações à polícia, sob acusação de abuso sexual, violência contra menores e outras coisas horríveis...

Não digo que esses problemas não existem. Mas os excessos, com a boa intenção de proteger os direitos das crianças, produzem pais medrosos e inseguros, sem autoridade e sem capacidade para efetivamente educar seus filhos. Pais que, na falta de um manual, acham mais fácil não assumir sua responsabilidade e deixam tudo ao "Deus dará"...

E o resultado... bem, o resultado a gente vê na adolescência e nas dificuldades das crianças para se transformarem em adultos harmônicos...

Qualquer semelhança... não é mera coincidência!

Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há oito anos em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental