Por Felisberto Pereira
O termo, bullyng vem da palavra “bully” em inglês, referindo-se aquela pessoa cujos atos humilham outra com qualquer tipo de humilhação.
Para aqueles que vivenciam esse fato, relembro aqui, para que todos nós educadores e comunidade escolar não nos esqueçamos, pois a identificação e o combate devem ser sem trégua já que os agressores não se dão conta do mal que fazem, para isso é necessária à intervenção firme, cautelosa e ética de nós educadores e pais.
Como professor já há muitos anos, sempre me deparei com esse problema em todas as escolas que lecionei, sejam públicas ou particulares, do I Ciclo ao Ensino Médio.
Muitas vezes vi crianças sendo humilhadas por colegas da escola. Ouvi diversas vezes confessarem que, para se livrar ou aliviar da agressão, eram obrigadas a ceder às exigências do agressor ou dos agressores, como: pagar lanches na cantina, lhes fazer os deveres de casa e outros trabalhos escolares, carregar o material escolar, obrigado sob ameaça a lhes emprestar objetos como roupas, tênis, (aquele boné que depois de muito pedir a mãe, ela conseguiu comprar “a duras penas” do orçamento familiar)... etc.
Quando descobrimos isso, ao ser perguntado por que não se defendem? Eles nos respondem: já falei com o professor (a), com a coordenadora, com o diretor, e eles só disseram pra eu deixar pra lá e me defender e parar de encher com essas bobagens. - E seus pais eu pergunto? Ah eles disseram que é assim mesmo, que devo falar com a direção da escola e que não têm tempo, que eu devo me virar. Sozinhos e totalmente expostos, passam a serem vítimas conformadas ou com tristeza profunda, reprimidos perdem o interesse pela escola e pelo futuro, se fingem de doentes pra não ir à escola, “matam aulas” e quando os pais são avisados das faltas estes os taxam de preguiçosos. Ao serem forçados, vão à escola como “ovelha ao matadouro”; porque sabem que seu agressor vai humilhar de novo.
Quem mais sofre são as tímidas, ou aquelas com menos situações financeiras; as negras, gordas, magrinhas, branquinhas, ou seja, fora do padrão da turma.
É bom lembrar; não é só na escola ou na rua que estão sujeitos a isso, na Web também, principalmente enviando e-mails, nos recados do Orkut, nos “chats” e noutros meios cybernéticos ou “cyberbullyng”. Os pais ou responsáveis pelo menor, devem policiar nesses atos, até por que serão responsabilizados pelos atos deles na Internet, com processos por percas e danos o que certamente a família do agredido pode exigir indenizações.
E os agressores? Como se pode identificá-los? E o que fazer com eles? - Não tenho respostas definitivas, mas sei que os pais são os maiores responsáveis e devem identificar e tomar todas as providências para reeducá-los: estipulando limites, ir à escola e na sala de aulas e perguntar ao professor ou professora: como ele está se comportando. Demonstrar que não concorda. Só por esses gestos, seu filho (a) agressor (a) já se intimida, ou seja, devem conversar e, se necessário, procurar ajuda de profissionais especializados, como psicólogos. Pais, deixar a escola sozinha resolver esse problema que é do SEU filho, é descabimento total!
Quanto aos professores e gestores da escola, é continuar fazendo o que a maioria fazem; chamar o aluno para uma conversa, chamar os pais, o Conselho Tutelar, reunir, traçar planos, achar soluções. Cito aqui uma que mais me deu certo; é quando paramos a aula prevista e na sala de aulas, com a presença de um gestor, conversamos seriamente sobre essa perversidade, identificar os agressores, pautando suas formas de agressões e mostrarmos a eles o mal que estão causando ao colega. Juntos mostrar que não devemos revidar, mas se defender procurando ajuda, denunciando-o a seus pais, a direção da escola e outros de sua confiança. Conversar com a turma para que não incentive o agressor, pelo o contrário, lhes demonstrem tristeza e estejam prontos a ajudarem a defenderem o agredido.
Incentivar a fraternidade, a aceitar e amar as pessoas como elas são, pois somos um país com diversidades culturais e étnicas, só não podemos ser racistas, imorais, ou seja, ilegais e que há coisas e situações que somos sujeitos a carregar pelo resto da vida, por termos nascidos assim, como a cor da pele o tipo físico, a personalidade, enfim.
De uma coisa estou certo, precisamos urgente fazer alguma coisa para dirimir essa realidade, que apesar de ser feito na maioria das vezes por crianças, não deixa de ser cruel.
Ah, não esquecer que professores (as) também são vítimas do bullyng na escola, nós que o digam! Mas isso fica pra depois...
Profº. Especialista: Felisberto Pereira da Cruz – Geógrafo Tangará da Serra, 01 de Julho de 2008