13/07/2008

Alerta às universidades particulares

Por Alfrado Mota de Menezes

Não sei se as universidades particulares de Cuiabá e Várzea Grande estão planejando o futuro levando em conta o crescimento do número de alunos na UFMT nos próximos anos. Levando em conta ainda a possibilidade cada dia mais concreta da Unemat criar um campus em Várzea Grande.

As duas universidades são públicas e devem absorver um número grande de alunos que comumente vão para as universidades particulares. Dou como exemplo alguns números sobre a UFMT.

Hoje ela tem 15.662 alunos na graduação distribuídos pelos campus de Cuiabá, Pontal do Araguaia, Rondonópolis e Sinop. A UFMT em Cuiabá tem, em números redondos, 8.500 alunos.
Há um programa do MEC (Reuni) em andamento que prevê aumentar, até 2012, para 34 mil o número de estudantes na UFMT. Desse aumento, prevê-se que Cuiabá absorva cerca de 8.000 alunos. Somado ao de cima, se teria na capital aproximadamente 17 mil estudantes na graduação e pós-graduação.

Hoje a UFMT tem somente 1.100 alunos estudando à noite. Com o Reuni triplica, passaria para 3.330 alunos. Dando chance para que o aluno trabalhe e estude à noite. Hoje muitos alunos, porque precisam trabalhar durante o dia, estudam nas universidades particulares. Uma parte deles iria para a UFMT, onde o ensino é de melhor qualidade e gratuito.

Já é renhida a disputa entre as universidades particulares para conseguir mais alunos. Um ensino público absorvendo milhares de estudantes pode afetá-las ainda mais.

Elas deveriam planejar o futuro levando em conta o novo plano do MEC para a UFMT. Terão que ser criativas e investir na melhora da qualidade de ensino.

Tem mais boi na linha. O governo Maggi criou uma fórmula nova para financiar a Unemat, a universidade estadual. Ela terá mais dinheiro para funcionar, mas, em contrapartida, deverá preencher certos requisitos. E um deles deverá ser o aumento do número de vagas.

Começa a crescer o movimento para se criar um campus da Unemat em Várzea Grande. É uma movimentação que tem apelo popular e político.

Como é que a Baixada Cuiabana ou Vale do Rio Cuiabá, como queiram, com quase um milhão de habitantes, não possui ainda um braço dessa universidade estadual?

Se ela vier, como no caso da UFMT, por ser gratuita, tiraria muitos estudantes das universidades particulares de Cuiabá e Várzea Grande. É outro dado a ser computado por essas instituições em seus planejamentos para o futuro.

Nem vou entrar nos comentários de que Rondonópolis pode ter uma universidade federal própria, com aumento de cursos e alunos. E nem falar na vinda de grupos educacionais privados de fora, como o Anhanguera, para competir com as universidades locais.

Fico só com os casos da UFMT e da Unemat. Se for somado o número de estudantes novos das duas, o impacto pode ser grande nos cofres das universidades que cobram mensalidade. E pior ficaria se boa parte desses estudantes for absorvida nos cursos noturnos. É um assunto para ser analisado com cuidado pelas universidades particulares daqui e do outro lado da ponte Júlio Müller.

E espera-se que elas, ao invés de enfrentar com criatividade essa nova realidade, não atuem politicamente para impedir a criação da Unemat em Várzea Grande.

Alfredo da Mota Menezes E-mail: pox@terra.com.br

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