09/05/2009

Equipe do jornal O Dia é seqüestrada e torturada em favela

Uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal O Dia foram seqüestrados e torturados por um grupo de homens que pertencem a uma milícia que domina a Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Eles passaram 14 dias no local para mostrar como é a vida numa região dominada por milícia, que controla tudo, como a venda de gás de cozinha e cobra para garantir a segurança dos moradores. O crime ocorreu no dia 14/05 e o fato só se tornou público no sábado (31/05).

Segundo conta o diário, o fotógrafo e o motorista foram convidados para tomar uma cerveja no Largo do Chuveirão, onde há a maior concentração de pessoas. A repórter preferiu ficar na casa alugada pela equipe para não desobedecer a uma velada ordem – as mulheres que freqüentam estabelecimentos à noite são consideradas “desfrutadoras”.

O fotógrafo e o motorista foram rendidos por 10 homens armados que usavam toucas ninja para cobrir o rosto. Eles algemaram os dois e tentaram incentivar cerca de 30 moradores da favela a linchar a equipe de reportagem. Como não foram atendidos, seguiram num Pólo vermelho, de placa KPB 4592, usado para o “policiamento” da milícia local, para a casa onde estava a repórter, na Rua Alfredo Henrique.

Eram 21h quando chegaram na casa. Lá, os homens renderam a jornalista com uma arma apontada para sua cabeça. Deram voz de prisão – a maioria deles é policial - e disseram: “Você é do jornal O Dia e está presa por falsidade ideológica”.

A repórter chegou a ter a cabeça enfiada em uma sacola plástica, e também sofreu com roleta russa praticada por um dos milicianos. Enquanto alguns torturavam a mulher, outros procuravam material de reportagem da equipe. Não encontraram nada, mas levaram pertences e dinheiro.

Levaram-na até o carro onde estavam os dois colegas – junto deles estava um morador da favela. Os quatro foram levados para um cativeiro.

Por mais de sete horas, eles foram torturados. Levaram chutes, socos, foram ameaçados.
Embora tivessem dito que os torturariam até a morte, por volta das 4h eles anunciaram que libertariam os quatro. A equipe foi solta na Avenida Brasil.

O jornal informa que a cúpula da Segurança do Estado do Rio foi notificada e que decidiu esperar duas semanas para tornar a história pública para não prejudicar as investigações.

O site do jornal conta os detalhes do caso. A história foi publicada em um caderno especial na edição de domingo (01/06), que pode ser lido no Dia Online.

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