09/05/2009

Folha enfrenta ação judicial de fiéis da Universal


Vinte e oito fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus entraram na Justiça com ações individuais contra a empresa Folha da Manhã S.A., que publica a Folha de S. Paulo. Os religiosos contestam a reportagem “Universal chega aos 30 anos com império empresarial” (apenas para assinantes), da jornalista Elvira Lobato, de 15/12/07. O jornal e a repórter estão sendo processados por danos morais.

A matéria traça um panorama econômico dos 30 anos da Igreja Universal, completados em julho do ano passado. Diz que a Igreja não é detentora apenas de empresas de comunicação (23 emissoras de TV e 40 de rádio), como também seria dona de agência de turismo, saúde, imobiliária e empresa de táxi aéreo, indiretamente, por meio dos bispos da Universal.

O trecho que mais provoca polêmica é o seguinte: “Uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais”, diz a jornalista, em relação à empresa Cremo Empreendimentos, que financiaria a compra das empresas pelos bispos, e teria ligações com a Cableinvest, localizada no paraíso fiscal da Ilha de Jersey, Canal da Mancha.

Teor das açõesOs fiéis de cidades como Alegre e Barra de São Francisco, no Espírito Santo, e Bom Jesus da Lapa e Canavieiras, na Bahia, expressam seu descontentamento. Dizem que passaram a ser desrespeitados publicamente, chamados de “safados”, e que os xingamentos teriam relação com a reportagem. “Você não lê jornal, não?”, teria dito um dos ofensores.

Os religiosos entraram com ações muito semelhantes no Juizado Especial Cível (ex-Juizado das Pequenas Causas). Pediram um valor indenizatório a ser estipulado pelo juiz.

O Comunique-se entrou em contato com a assessoria da Igreja Universal. Até o momento, não houve uma resposta sobre as acusações da reportagem da Folha nem a respeito da similaridade das ações individuais.

DefesaSegundo Elvira Lobato, a matéria não é, em momento algum, ofensiva aos fiéis. “Não cogitei que o dinheiro dos fiéis fosse limpo”, afirmou. “O que coloco em questão é a possibilidade de o dízimo doado à obra divina estar sendo utilizado para investimentos privados”, justificou. A Folha de S. Paulo assumirá a defesa da repórter.


A advogada Taís Gasparian, contratada pela Folha, diz que a defesa ficará em torno da inexistência de uma citação formal aos fiéis da Igreja na matéria. “As pessoas não foram mencionadas na reportagem”, afirmou.

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